Antissemitismo (do alemão Antisemitismus) , em português, significa aversão ou hostilidade contra os semitas, especialmente os judeus[1] como etnia. Inicialmente manifesta como hostilidade de caráter religioso - a exemplo do antijudaísmo do Medievo -, no século XX, na Alemanha nazista, motivou verdadeira perseguição, baseada em doutrinas supostamente científicas.
Etimologia e uso
Considerando a etimologia da palavra, antissemitismo significaria, portanto, aversão aos semitas - segundo a Bíblia, os descendentes de Sem, filho de Noé - grupo étnico e lingüístico que compreende os hebreus, os assírios, os arameus, os fenícios e os árabes.
Mas, de fato, a palavra Antisemitismus foi cunhada, em língua alemã, no século XIX, numa altura em que a ciência racial estava na moda na Alemanha, e foi usada pela primeira vez já com o sentido de aversão aos judeus, pelo jornalista alemão Wilhelm Marr, em 1873, por soar mais "científica" do que Judenhass ("ódio aos judeus"). Há autores (como Gustavo Perednik) que preferem utilizar o termo judeofobia, significando "aversão a tudo o que é judaico".[2] e esse tem sido o uso normal da palavra desde então.[3][4]
Tanto quanto pode ser confirmado, a palavra foi impressa pela primeira vez em 1880. Nesse ano, Marr publicou "Zwanglose Antisemitische Hefte" ("Cadernos informais antissemitas"), e Wilhelm Scherer usou o termo Antisemiten (antissemitas) no jornal "Neue Freie Presse" de Janeiro. A palavra relacionada "semitismo" foi cunhada por volta de 1885.
Raízes do antissemitismo
Desenho antissemita de Charles Lucien Léandre, reproduzindo a teoria da conspiração judaica que controla o mundo.Muitos fatores motivaram e fomentaram o antissemitismo, incluindo fatores sociais, econômicos, nacionais, políticos, raciais e religiosos, ou combinações destes fatores.
Na Idade Média, as principais raízes do ódio contra judeus foram:
Religiosas, baseadas na pretensa "doutrina" da Igreja Católica de que os Judeus são coletivamente e permanentemente responsáveis pela morte de Jesus Cristo (ver Deicídio, essa visão surgiu na Idade Média e não é mais aceitável pela Igreja Católica).
Sócioeconômicas, devido à ação de autoridades locais, governantes, e alguns funcionários da igreja que fecharam muitas ocupações aos judeus, permitindo-lhes no entanto as atividades de coletores de impostos e emprestadores, o que sustenta as acusações de que os Judeus praticam a usura (uma prática repugnada inicialmente pela Igreja Católica e hoje aceita).
Um dos grandes propagadores do antissemitismo no século XX foi o regime nazista alemão. Atualmente, o ódio ao judeu freqüentemente apoia-se em ideais nazistas, ainda que o pensamento antissemita muito mais antigo.
Referências
1.↑ Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
2.↑ See, for example:
Jerome A. Chanes. Antisemitism: A Reference Handbook, ABC-CLIO, 2004, p. 150.
Ali Rattansi. Racism: a very short introduction, Oxford University Press, 2007, p. 5.
Richard L. Rubenstein, John K. Roth. Approaches to Auschwitz: the Holocaust and its legacy, Westminster John Knox Press, 2003, p. 30.
William M. Johnston. The Austrian mind: an intellectual and social history, 1848-1938, University of California Press, 1983, p. 27.
3.↑ "Antisemitism has never anywhere been concerned with anyone but Jews." Lewis, Bernard. "Semites and Antisemites", Islam in History: Ideas, Men and Events in the Middle East, The Library Press, 1973.
4.↑ Ver, por exemplo:
"Anti-Semitism", Encyclopaedia Britannica, 2006.
Johnson, Paul. A History of the Jews, HarperPerennial 1988, p 133 ff.
Lewis, Bernard. "The New Anti-Semitism", The American Scholar, Volume 75 No. 1, Winter 2006, pp. 25-36. Artigo baseado em conferência pronunciada na Brandeis University em 24 de março de 2004.
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